O acometimento dos músculos representado pela atrofia tênar é, em geral, achado tardio na evolução e normalmente representa doença avançada.
Os pacientes com suspeita de Síndrome do Túnel do Carpo devem ser avaliados à procura de outras patologias do membro superior (Tenossinovites, patologias do ombro) e cervicopatias que podem confundir o diagnóstico ou, como na maioria das vezes, coexistir com o quadro de compressão do nervo mediano; devendo, portanto, ser tratadas paralelamente.
No exame físico podemos lançar mão de testes provocativos como o teste de Phalen (flexão do punho em 90 graus por um minuto) e o teste de Durkan (compressão manual direta sobre o nervo mediano no punho), considerados positivos caso haja aparecimento dos sintomas de parestesia ou dor. O sinal de Tinel, descrito como o aparecimento de “choque” secundário à percussão do nervo e com irradiação para seu território correspondente também pode estar presente.
A eletroneuromiografia permanece como o exame mais utilizado para confirmar a síndrome. No entanto, cerca de 10 a 15% dos pacientes com sintomas compatíveis apresentam eletromiografia negativa. Desta maneira, a clínica permanece soberana para a caracterização de doença, e um teste eletrodiagnóstico negativo não deve ser encarado categoricamente como ausência da condição.
O tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo depende da gravidade dos sintomas e da magnitude da lesão, que por sua vez é na maior parte das vezes, tempo dependente. Causas sistêmicas devem ser identificadas e tratadas (por exemplo, controle da glicemia).
O tratamento conservador é reservado para os casos mais leves, sem atrofia tenar ou comprometimento importante de sensibilidade. Estão descritos o uso de órteses, anti-inflamatórios não hormonais, injeção de corticosteróides no canal carpal, uso oral de vitamina B6, ultrassom e alterações posturais e de hábitos. O uso de órteses, mantendo o punho imobilizado em posição neutra é eficaz nos estágios iniciais, e muitos pacientes apresentam remissão dos sintomas após o tratamento sem necessidade de intervenção cirúrgica.
O tratamento cirúrgico está reservado para falha do tratamento conservador e para os casos mais graves. Consiste na descompressão do canal carpal realizado através da secção do ligamento carpal transverso. A cirurgia pode ser aberta ou endoscópica.
A cirurgia aberta permite uma melhor visualização das estruturas do túnel, e é realizada através de incisão longitudinal, próximo ao sulco que divide as eminências tênar e hipotênar.
A liberação endoscópica tem como vantagens incisões menores.
Estudos comparativos entre as técnicas aberta e endoscópica não conseguiram comprovar diferenças estatisticamente significativas entre as técnicas nos quesitos remissão dos sintomas, retorno ao trabalho ou retorno às atividades diárias. No entanto, a maior parte dos trabalhos constatou a menor incidência de dor palmar e dor cicatricial nos pacientes tratados pela técnica endoscópica. Esta por sua vez, parece apresentar um risco maior de complicações e, obviamente, tem um custo maior.
Quando bem indicado, o tratamento cirúrgico tem um alto índice de sucesso, no entanto cerca de 1,7% a 3,1% dos pacientes permanecem sintomáticos. A manutenção dos sintomas ou recorrência precoce pode sugerir a liberação incompleta do ligamento carpal transverso.
As complicações descritas são liberação incompleta do ligamento carpal, lacerações tendíneas, adesões tendíneas, síndrome dolorosa regional complexa, infecção da ferida operatória, lesões vasculares (arco palmar superficial), lesões de nervo (Mediano, ramo cutâneo do mediano, nervo ulnar) e cicatriz dolorosa (dor do pilar).
O tratamento conservador deve ser tentado sempre nestas situações, visto que o sucesso de procedimentos secundários é menor.